terça-feira, 30 de julho de 2019

NO ENCANTO DA VIDA





song off my life - fotografia de Martina Skrobot


Que das esperas
Somos feitos
No canto da vida
Enquanto esperas 
Não digas nada
Escuta o silêncio

Não digas nada
Nem tenhas medo
Sem esquecimentos
Lembra-te como é
Abre as tuas asas
E segue o vento

Se ainda esperas
Canta de novo
Só mais uma vez
Sem despedidas
(e)terno é o teu voar
No encanto da vida



terça-feira, 23 de julho de 2019

À nossa janela!






I)


Uma janela aberta, clara , luminosa e nova.
De cortinas lisas,  debruadas no ponto certo.
Linhas entrelaçadas com os toques de mãos, 
Soltas e livres, algodão preso em pano cru.

Da janela, agora quase perfeita, a pedra lisa.
Seu suporte e  amparo, a sua força e graça.
Na transparência do vidro frágil e verdadeiro,
Soltas e leves, folhas de hera continuam vivas.

Pela janela e quase por graça, vejo-a passar,
De asas soltas, no abraço ao vento da manhã.
A andorinha busca o lugar para o seu ninho e
Pousa curiosa no peitoril, à espreita para me ver!

II)
Que sejam sempre assim as janelas dos teus dias...
Com a força do granito, a transparência do vidro,
a luz do sol e todos os tons que nestas folhas possas ver!


terça-feira, 16 de julho de 2019

DIVAGAÇÕES BREVES






I)
Hoje, neste instante, o sol teimoso e quente não me deixa ver o teu rosto e diz-me que tenho de esperar  umas horas! 
Troco-lhe as voltas e finjo que sou mais forte, mesmo que não o seja...
Escondo-me na sombra de uma  árvore, esperando pela brisa  fresca do teu olhar, sem tempo nem relógio que nos marque a hora de chegar ou ir embora.
Esse tempo único e insubstituível , só nosso, na vida que o sol nos concede, a cada novo amanhecer.

Este tempo, somos nós,  trazendo do passado a luz nas mãos e palavras soltas, guardadas cuidadosamente no leito de um rio. 
Basta um instante e tudo pode mudar. 
Talvez chova mais logo mas agora é dia de não chover...


II)
Damos de nós o tempo que pode ser o breve instante de um abraço, uma palavra, um gesto e até o tempo partilhado de um silêncio, onde não são necessárias palavras. 
O tempo de um olhar, um pensamento, por bem querer.
Ou não damos tempo e somos ... nada!





 

terça-feira, 2 de julho de 2019

Cuidador de flores








Era meia tarde de um dia quente e novo.
Seus pés ganhavam leveza a cada passo.
Talvez fosse algum guardador de sonhos
ou, quem sabe, apenas um homem bom!

Era meia tarde e corria uma leve brisa.
As suas mãos ondulavam como pétalas. 
Talvez fosse afinal o cuidador de flores,
tão doce era o ar e o seu olhar distante.

Fez das suas mãos em concha, a água,
gota a gota, parecia chuva miudinha.
As plantas sorriam-lhe felizes e belas.
Cúmplices de vida,  pétalas choraram...