terça-feira, 20 de agosto de 2019

Horizontes




Vincent Van Gogh




I
Nas histórias de vida, em viagens,
Quantos rostos se olharam no rio,
Caminharam pelas suas margens,
Tropeçaram no verde que derrubaram,
Rasgaram o chão, ergueram as casas.
Lavaram as mãos nas águas quentes,
Subiram a encosta e olharam a cidade.




II 
Partiu para longe, no crer de novos horizontes.
Levava no olhar a idade de quem ainda ousava sonhar.
Na cidade deixou um beijo e partiu sem saber se voltaria,
Num tempo que mais tarde escreveu e guardou...
Hoje as palavras contam e cantam que a cidade cresceu
e o passado ficou no registo de um pedaço de papel...


III
Pensais conhecer o coração dessa cidade?
Será que nasceu onde caíram sementes?
Nunca vereis se foi lágrima, riso ou saudade,
As ilhas que habitaram as palavras ausentes.
Cidade, que de  verdade, pode ou não ser, 
O que quereis ler, nesses versos distantes.
Caminhai então, pelas ruas dessa claridade.
E assim, quem sabe, doces e alvos poentes.