quinta-feira, 12 de novembro de 2020
Saudade
Quando o tempo ganhava asas
O amor sempre habitou a casa
De janelas entreabertas e brancas
E nas tardes quentes de outono
Alguns pássaros poisavam ali
Na árvore de raízes profundas
Descansavam das viagens ao rio
Secavam as penas na folhagem
E ternamente se enroscavam
Se aninhavam para descansar
Cúmplices a árvore e a casa
No encontro desejado da luz
Ainda hoje choram de saudade
domingo, 20 de setembro de 2020
O TEMPO
As horas que nem sempre temos
os segundos que inventamos
Os minutos que aproveitamos
O tempo que não temos na hora
Ou o que nos sobra e esquecemos
O tempo de estar ou ir embora
Ou o momento de chegar e ficar
Guardar o relógio numa gaveta
E dar do tempo, o tempo certo
--- Talvez agora! Ou depois...
domingo, 13 de setembro de 2020
FLOR DO CAMPO VI
Por teimosia ou por amor
As águas seguem livres
Dão de beber à dor no leito
Mas cuidam das margens
Onde crescem
Para alegria do teu olhar
Flores do campo
Despertam e renovam-se
A cada mudança de ciclo
No rodopio da vida ao vento
São de novo semente
E as águas em sobressalto
Dão de beber à alegria
De novas flores na margem
Pelas margens em segredo
Não desistem e esperam
Por amor ou teimosia
As águas seguem livres
No silêncio do seu olhar
quarta-feira, 9 de setembro de 2020
DO MEU SONHO
Trago-te um verso novo
Embrulhado num abraço.
Encontrei-o ao amanhecer
No papel de um rebuçado.
Para te dizer de verdade,
Inventei-o por ti esta noite.
Preso a uma nuvem branca,
De um sonho antigo, (e)terno.
Trago-te um verso puro,
Cristalino, água doce, rio.
Sem margens, a tua voz,
Com sabor a vida, meu dia!
quarta-feira, 19 de agosto de 2020
E o Mar és Tu !
De asas feridas, num cansaço feito de voos a pique,
ainda ouço o teu canto preso no batimento do mar.
Ouso contar para que a voz não se cale para sempre!
Por entre ondas ou naufragando na praia de um sono
perdido, fecho os olhos e a dança do silêncio flui,
espreita as estrelas que adormecem além do horizonte.
O dia amanhece, acorda todos os castelos da praia.
Como gaivotas, seguimos o voo e sorrimos à vida,
recusando a morte da saudade, adormecida nas tuas mãos!
(Republicação) dez.2015
sexta-feira, 15 de maio de 2020
Entre o real e o imaginário
Algumas vezes precisamos seguir pelo imaginário
Voar num avião de papel , repousar naquela nuvem ali ao lado
Soltar as palavras e escrever ao sabor de um vento leve
Ou então subir ao ramo mais alto e colher o fruto maduro e doce
Abrir as janelas, escrever cartas ou reler coisas antigas
Acordar do sonho e perceber que adormecemos à sombra de uma velha cerejeira
Colher dois pares de cerejas e brincar ao "faz de conta" com os brincos novos,
pendentes vermelhos que transformam o instante
Conseguir sentir no verso de um poema o sabor das cerejas acabadas de colher ....
MJM - 09/05/2020
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Conseguir sentir no verso de um poema o sabor das cerejas acabadas de colher ....
MJM - 09/05/2020
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terça-feira, 14 de abril de 2020
OS SEUS PASSOS
Ouviu o som dos seus passos
Quando se levantou devagar.
Um breve olhar pelas paredes.
Os quadros continuavam ali...
As estantes, os livros e a luz
Suave, na janela entreaberta.
Ligou o candeeiro da mesa.
Pegou num livro e de novo,
Eram os passos , só, os seus.
E os quadros no lugar de sempre...
As paredes caladas e a janela
Entreaberta, só, e uma leve brisa
- Olá. boa noite...
- Ah! É tão bom ouvir a tua voz!
Um som diferente e uma outra voz!
Passeou pela sala enquanto ouvia
E falava, repetia, ouvia e sorria ...
Os seus passos pareciam penas
Ou um bailado, uma dança doce.
- Boa noite!
-Também para ti...
- Boa noite e bons sonhos ...
Mª José M 14/04/2020
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