domingo, 20 de dezembro de 2015

Presente de Natal



Aquele seria um dia como qualquer outro, sem memória futura, embora faltasse exactamente uma semana para o dia de Natal.
Não sentia vontade de sair de casa, essa era uma verdade que não poderia negar, mas o sol convidava a um passeio e apetecia-lhe ver gente, tomar um café, talvez ler o jornal diário.

Caminhava sem pressa, sentindo os seus passos lentos na calçada. Pensava em tudo e coisa nenhuma até reparar nas listas brancas da passadeira, que lhe provocaram um instante de maior atenção, antes de atravessar para o lado de lá.
Era cedo ainda e o café estava quase vazio.  Pegou no jornal, pediu um café e sentou-se na mesa do canto que lhe permitia uma visão mais ampla de todo o espaço. Reparou nas luzes que brilhavam num pinheiro e demorou-se nesse olhar como se voltasse aos encantos e brilho do passado.
Deitou meio pacote de açúcar na chávena e foi bebendo enquanto folheava o jornal com notícias do dia ,repetidas da véspera ou da semana anterior.
Pagou e saiu rapidamente.
As horas foram passando sem grandes alterações.

Novamente em casa, seria hora de almoço, ouviu um toque insistente da campainha.
- É o carteiro... Tenho uma encomenda postal que não cabe na caixa...
- Desço já ! - resposta dada meio a correr
(Dizem que o carteiro toca sempre duas vezes mas seria outro, decerto!)

O envelope trocou de mãos, um cumprimento por cortesia e , se desceu as escadas de um jeito apressado, a subida foi mais lenta. Não, não era para si mas o endereço estava certo.
Imaginou a alegria no rosto de quem conhecia tão bem e a quem se destinava.
Sentiu nas mãos o volume e abanou-o devagarinho. Algo líquido , pareceu-lhe. Seria um perfume? Talvez...
Sorriu e percebeu que aquele simples envelope era o mais belo embrulho de presente de Natal!
Feito de laços de amizade, trazia o brilho da esperança e o encanto que recordava de outros tempos.
Feito de ternura e carinho, dado com amor!


.Que haja magia, este Natal !