terça-feira, 9 de novembro de 2010

Da janela

Claude Monet


Encosto a mão,

Abro a janela,
Num movimento singular.
Percorro o espaço que dele me separa.

A árvore, seus braços convidam,
para chegar ao ramo mais alto.
Colher o fruto maduro e doce...

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terça-feira, 2 de novembro de 2010

Caminhando...







Todo pasa y todo queda,
pero lo nuestro es pasar,
pasar haciendo caminos,
caminos sobre el mar.

Nunca perseguí la gloria,
ni dejar en la memoria
de los hombres mi canción;
yo amo los mundos sutiles,
ingrávidos y gentiles,
como pompas de jabón.

Me gusta verlos pintarse
de sol y grana, volar
bajo el cielo azul, temblar
súbitamente y quebrarse...
Nunca perseguí la gloria.

Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.

Al andar se hace camino
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.

Caminante no hay camino
sino estelas en la mar...

Hace algún tiempo en ese lugar
donde hoy los bosques se visten de espinos
se oyó la voz de un poeta gritar:
"Caminante no hay camino,
se hace camino al andar..."

Golpe a golpe, verso a verso...

Murió el poeta lejos del hogar.
Le cubre el polvo de un país vecino.
Al alejarse, le vieron llorar.
"Caminante no hay camino,
se hace camino al andar..."

Golpe a golpe, verso a verso...

Cuando el jilguero no puede cantar.
Cuando el poeta es un peregrino,
cuando de nada nos sirve rezar.
"Caminante no hay camino,
se hace camino al andar..."

Golpe a golpe, verso a verso.
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Music: Joan Manuel Serrat.
Antonio Machado y Joan Manuel Serrat.

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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Abraços de vento...




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Naquela tarde viu tombar as últimas folhas
Sozinha não conseguiu soltar-se para repousar

Suportou então o silencio da noite e esperou pelo vento...

Ao amanhecer sentiu um abraço suave e doce
Deixou-se levar...



MJ Fev 2009


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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Vale a pena sonhar?





Pela noite um ar morno percorre as avenidas
Sentem-se os movimentos em ruas de ninguém

Misturam rostos vazios as mãos perdidas
Tocam vidros quebrados bolsos sem vintém


quinta-feira, 24 de junho de 2010

Barquito de Papel




«Barquito de papel,
sin nombre, sin patrón
y sin bandera,
navegando sin timón
donde la corriente quiera.

Aventurero audaz,
jinete de papel
cuadriculado,
que mi mano sin pasado
sentó a lomos de un canal.

Cuando el canal era un rio,
cuando el estanque era el mar
y navegar,
era jugar con el viento
era una sonrisa a tiempo,
fugándose feliz
de país en país,
entre la escuela y mi casa,
después el tiempo pasa
y te olvidas de aquél
barquito de papel.

Barquito de papel,
en qué extraño arenal
han varado,
tu sonrisa y mi pasado
vestidos de colegial.»

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Flores , entre tons e sons

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Flor do Campo


Pedaços de terra esquecida,
Jardim de mil flores,
Semeado por mãos de menina.

Reflexos de um olhar,
No doce sorriso,
De quem sabe esperar!



Secretas pétalas,
No corpo do tempo.
A cor do vento,
Semeia novos caminhos...


Estrela do Mar,
Em corpo de Mulher,
Num desejo circular...

(Outubro 06)


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Flor do Campo I


Esquecem algumas fragilidades e soltas
Germinam a cada instante, sem medos.
Docemente tomam forma, ganham vida.

Efémeras, penetram a terra no tempo,
Transformam suas tristezas numa dança.
Renovam-se naquela estranha claridade


Que lhes importa se um tempo vaidoso
Endureceu algumas das velhas árvores?
Altivas, rejeitam mudanças do novo dia!


Renovam-se a cada momento, voz estranha
Ora suave e calma, ou silenciosamente fresca
Na noite as embala e adormece, sem medos...
(Abril 07)


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Flor do Campo II


Algo maior te ligou ao chão, à terra,
Abraça o vento onde nasceste, flor.

De ouro vestida em pétalas de fogo,
Frágil, saboreias o brilho forte do sol.
O tempo certo, refrescará teu canto!
(Maio 07)


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Flor do Campo III

O tempo certo, refrescará teu canto?
Repousas dessa tua viagem e suave
adormeces na terra que te viu nascer!


No silêncio, permaneces sob um manto
e deixas correr o tempo longo ou breve,
num olhar solto para além do horizonte.


Se tuas pétalas foram orvalho, noite ou luz
não foi só pelo lamento, também pela Vida!
Da terra esquecida, aqui te deixo, FLOR...

(1 Agosto 07)

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Flor do Campo IV


Mais que o querer falar (te)
das flores peço o teu perdão
Pelo tempo de alvos e puros
Esses, os cravos, em tua mão


Hoje são, vindas de longe,
outras cores ou ilusões, luz
feita sonho de urze no verso
Um tempo novo, em ti, seduz

(16 Nov. 07)

quarta-feira, 17 de março de 2010

SEI...

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SEGREDO

«Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.

Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar...»

Miguel Torga



sexta-feira, 5 de março de 2010

POETA, que o és!!

*




Hoje venho de longe
ler em cada verso (a verso)
uma lágrima não chorada
uma luz ainda por nascer
uma manhã (s)em poesia

Abro a janela de mansinho
deixo-te folhas de papel
um lápis de qualquer cor
A carvão de azul ou mar

Pouso suavemente uma mão
Uma mão cheia de palavras
Para nascerem novas manhãs
E poeta ao acordares digas:

- Hoje nasce de mim a poesia...

Parto no silêncio da noite
Deixo entreaberta a janela
Ao chegar o primeiro raio de sol
Junta as palavras e renasce...

(A cada verso, por tuas mãos)

POETA, que o és!!



( Nov 2007 )



*

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Um olhar pelo horizonte

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Lá fora chove!

O olhar perde-se pelo horizonte.

Aquecida pelo verde, mesmo em movimento, a tentação de registar os tons cinzentos de uma viagem, adivinhando sementes de papoilas que hão-de florir!

*








VOLTAREI À MINHA TERRA
Letra:Tiago Torres da Silva
Música: Armandinho
Arranjo: Pedro Jóia

Intérprete: Tereza Salgueiro

Voltarei à minha terra
quando já estiver cansada
do destino que me leva
a andar de estrada em estrada

por enquanto eu adivinho:
este destino que pra mim escolhi
vai chegando de mansinho
quando eu descubro o caminho
que me vai levar a ti

minha terra é a distãncia
minha casa é o segundo
em que eu lembro aquela ânsia
que me chega da infância
e me leva pelo mundo

por isso é que sou menina
e não vou mudar de idade
chamo terra à minha sina
e chamo casa à saudade

se o relógio se adianta
prende-me o fado à garganta
e obriga-me a cantar
como se a qualquer momento
se escutasse a voz do vento
nas profundezas do mar

mas se o ponteiro se atrasa
chamo terra e chamo casa
ao antes e ao depois,
quando seguimos sozinhos
vamos abrindo caminhos
onde às vezes cabem dois

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

EVA - Comme les blés


Comme les blés
Album: Comme les blés (1965)

Si tu devais partir
Oh ! Si tu devais partir
Je resterais là sans te rappeler
Je ne pourrais pas pleurer

Triste comme les blés
Quand le vent les a quittés
Comme la vague qui ne retient pas
Le voilier qui s'en va

Que pleure le vent pour moi
Ou qu'il me donne cent voix
Que la rivière pleure dans mes yeux
La fin de mon ciel bleu

Si tu dois revenir
Oh ! Si tu dois revenir
Je resterai là sans pouvoir marcher
Et comme enracinée

Tendre comme les blés
Que le vent a caressés
Comme la vague qui vient se coucher
Au ventre du voilier

Que chante le vent pour moi
Ou qu'il me donne cent voix
Que la lumière coule à travers moi
Au ciel de notre joie

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O voo das gaivotas




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Um voo breve por"Palavras soltas"!!

E, ao passar, perguntaste-te :
- Ouvi a musica .... onde estão as palavras?!

Estão presas nas pontas dos dedos...
Em silêncio , talvez à espera de nada.
Ou aguardam a hora certa das gaivotas.

São palavras soltas , estas de hoje...
Como muitas que, divagando, voaram livres,
rumo a esse mar distante do meu olhar.

(Diz-me se é melhor partir, chegar ou esperar... )



domingo, 10 de janeiro de 2010

Às vezes nevava



Castelo Branco

A NEVE


«Às vezes nevava.
O céu oferecia a neve para poder entrar na folia,
como qualquer de nós cedia a bola para entrar no jogo.
Os dedos só gelavam nos primeiros instantes.
Daí a pouco tempo, as mãos ardiam como brasas.
Às vezes nevava.
Era um lençol branco e imenso, quase sem limites.
Mesmo assim, alguns levavam braçadas de neve para casa,
na esperança de que assim não derretesse.
Uma qualquer espécie de alquimia
haveria de conservar o gelo
e transformá-lo em miragem perene e mágica,
para íntimo deleite.
Às vezes nevava.
Fazíamos anafados bonecos com apêndices postiços,
bolas de arremesso,
construções que a imaginação
e a quantidade de gelo permitiam,
escorregas improvisados.
Às vezes nevava
sem sabermos muito bem porquê,
nem o préstimo de tanta alvura. »


DE: João De Sousa Teixeira
EM
:"CORPO DE POEMA "



Castelo Branco

Às vezes nevava

Como há muito tempo não fazia

Hoje a cidade vestiu-se de branco

Lavou-se de mágoas e trouxe magia

*

Às vezes nevava

E hoje ao abrir a janela por ela

entrou silenciosa no seu encanto

desfez-se em água pura alegria

*